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22,23,24,25 e 27 /03- “Cultura Documentários” na Tv Cultura

Programação dessa semana do “Cultura Documentários”

Vestígios

Terça, 22 de março, às 23h30

(Caru Alves de Sousa / 2010 / Brasil)

O documentário investiga o que restou da presença francesa em duas cidades da Zona da Mata mineira, Guidoval e Visconde do Rio Branco, e revela o passado da região. A cidade de Guidoval (295 km da capital Belo Horizonte, aproximadamente 8 mil moradores) foi fundada pelo francês Guido Thomaz Marliére, enviado por Portugal no começo do século 19 para apaziguar a região, que estava povoada por tribos indígenas contrárias à presença dos europeus. Quartel general de Marliére, Visconde do Rio Branco (272 km de Belo Horizonte, por volta de 35 mil habitantes) teve, no entanto, como presença francesa mais marcante chegada da empresa francesa Societè Sucrière, quando esta comprou uma usina de açúcar na cidade no começo do século 20. O documentário propõe uma imersão no cotidiano dessas localidades. Conduzido por descendentes de franceses e outros moradores, deste mergulho emergem vestígios significativos na economia, hábitos e na mitologia criada em torno da presença francesa.

Prokofiev: O Diário Inacabado

Quarta, 23 de março, às 00h00

(Yosif Feyginberg / 2008 / Canadá/França) 

A única coisa de que temos certeza a respeito de Serge Prokofiev é que ele foi um músico de talento, um dos maiores compositores do século 20. O resto, de sua música à sua vida particular, permanece um enigma. Depois da descoberta de seus diários, o mistério está para ser revelado. Pouco depois da Revolução Bolchevique, o compositor foge da Rússia. Durante os dezoito anos seguintes, ele tenta fazer carreira na América do Norte e na Europa. Em 1936, ele toma uma decisão que espanta todo o mundo: volta para a Rússia no momento em que os expurgos estalinistas estão no auge. Mais de 50 anos depois de sua morte, com o acesso a documentos nunca utilizados, especialmente seu diário particular, esse filme investiga a vida e a arte de Prokofiev através de suas palavras comovedoras e do prisma de algumas de suas mais extraordinárias criações musicais

Tishe!

Quinta, 24 de março, às 23h30

(Victor Kossakovsky / 2002 / Rússia)

O diretor Victor Kossakovsky, que ganhou, em 1993, o prêmio Joris Ivens com BELOVY, faz agora um documentário que descreve como “uma comédia”. Foi filmado de sua janela e inspirado tanto na primeira foto na história da fotografia, “Vista da Janela em Le Gras” (1826-1827), de Nicéphore Nièpce (1765-1833), como no conto “Des Vetters Eckfenster” (“A Janela de Esquina de meu Primo”, 1822, de E.R.A. Hoffman (1776-1822). Este conto fala de um homem paralítico cujo único contato com o mundo exterior é a vista de sua janela. Kossakovsky fez o que ele chama de filme “acidental”: Normalmente não olhamos para as coisas que estão diretamente na nossa frente.

Este filme é, em certo sentido, um exemplo do que pode acontecer diante de nossos olhos, se nos dermos ao trabalho de olhar. De alguma maneira, essa história realista transforma o real em surrealismo, em abstrato. Da janela de seu apartamento, ele filmou alguns metros quadrados de uma rua de São Petersburgo, durante os consertos infindáveis para a comemoração do 300º aniversário da cidade. De tempos em tempos a pavimentação é quebrada e refeita. O filme sempre mostra isso, do mesmo ponto de vista, mas com lentes diferentes, em várias horas do dia e em vários estilos, “realista, surrealista e abstrato”. O título, a palavra russa “tishe”, é a única que é falada no filme. Significa “relaxe, seja calmo e modesto.”

Camboja, A Terra Das Almas Errantes

Sexta, 25 de março, 23h45

(Rithy Panh / 2000 / França)

Em 1999, os cambojanos empobrecidos cavaram a vala para o primeiro cabo de fibra óptica do sudeste asiático. O diretor Rithy Panh acompanhou essas famílias que procuravam sobreviver num país ainda devastado. Essa “rodovia da informação” deve ligar a Europa à China, seguindo a antiga rota da seda. No Camboja, essa obra consistia na escavação de uma vala de um metro de profundidade, da fronteira tailandesa à fronteira vietnamita, para colocar um cabo da grossura de um polegar. Era uma ocasião para inúmeros cambojanos – camponeses pobres, soldados desmobilizados, famílias sem recursos terem trabalho. Organiza-se uma vida itinerante acompanhando o trajeto do cabo: homens, mulheres e crianças cavam com picaretas, enxadas ou com as mãos, enquanto os mais jovens procuram o que comer à noite (sanguessugas, formigas, que acompanharão o arroz quotidiano). A vala encontra uma região cheia de minas (cerca de sete milhões ainda estão enterradas) e de milhões de mortos, sem sepultura, cujas almas errantes assombram os sobreviventes.

Nota a Nota: A fabricação do Steinway LI037

Domingo, 27 de março, às 20h30

(Ben Niles / 2006 / Estados Unidos)

Niles detalha cada passo do processo de criação do grande piano de concerto L1037 e conversa com pianistas famosos a respeito das qualidades de um instrumento magnífico. Mas é sua descrição da fábrica como um cadinho de artesãos altamente qualificados que distingue o filme. No centro da visão de Niles, está o amor pelo trabalho, exemplificado pelos empregados da fábrica e os artistas a que servem.

Muitos documentários contam a história da vida de um músico notável, recordando o início de sua carreira, suas influências, estudos e o caminho que percorreu até o sucesso. Mas poucos, se é que há algum, acompanharam a vida de um instrumento musical, esclarecendo que ele também tem características e idiossincrasias e que colabora integralmente na criação artística. Esse filme tão atraente acompanha a jornada extraordinária de um piano único – o Steinway L1037, desde seu início humilde nas florestas do noroeste do Pacífico a um showroom da Steinway, em Queens, onde ele aguarda seu destino, se irá ficar no canto de uma sala em Long Island ou no centro do palco de Carnegie Hall. O cineasta Ben Niles explora todos os detalhes, mostrando a construção meticulosa e a perícia necessária para que seja feito um dos instrumentos mais famosos do mundo. O piano era o instrumento mais complexo de sua época, quando foi inventado há quase três séculos. Ainda é feito quase que da mesma maneira – pelo menos na fábrica Steinway – permanecendo um milagre de engenharia. Niles entrevista artesãos especializados, operários da fábrica, vendedores habilidosos, pianistas amadores, frequentadores de concertos e uma infinidade de outras pessoas que entram em contato com o grande instrumento. Isso nos lembra como pode ser extraordinário diálogo entre um artista e um instrumento, feito por mãos humanas, mas nascido de materiais da natureza.

+informações: http://www.tvcultura.com.br